As ilhas atlânticas dos Açores

02/03/2022

As 9 ilhas atlânticas

Consequentes de violentos e sucessivos fenómenos tectónicos, vulcânicos e sísmicos, gerados há cerca de 8 milhões de anos, no meio do Atlântico Norte, as nove ilhas dos Açores constituem superfícies emersas de montanhas, que se distribuem diagonalmente por três grupos geográficos: grupo Oriental (ilhas de Santa Maria, São Miguel e ilhéus das Formigas), grupo Central (ilhas Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial) e grupo Ocidental (ilhas das Flores e Corvo).

A sua idade geológica e o isolamento refletem-se no pequeno povoamento e na escassa formação de espécies, tanto vegetais, que chegaram de áreas continentais e outros espaços insulares, como animais. O desenvolvimento das comunidades de flora terrestre em vegetação costeira, bosques de faia, vassoura e azevinho, florestas laurifólias e de cedro, turfeiras e prados de montanha, decorreu da formação de solos, resultantes das rochas vulcânicas, do clima temperado, da humidade oceânica e da elevada pluviosidade. A fauna terrestre é maioritariamente constituída por invertebrados, enquanto a flora e a fauna do mar caracterizam-se pela elevada diversidade, destacando-se, no caso animal, a grande concentração de cetáceos (cachalotes, baleias e golfinhos).

A transformação humana dos ecossistemas primitivos iniciou-se no século XV, através de um processo de reconhecimento e ocupação portuguesas, tendo envolvido fases experimentais e preparatórias. Ao longo da história, o sistema social hierarquizado das ilhas constituiu-se na dinâmica das capitanias, dos municípios e, pela Revolução de Abril de 1974, do regime democrático, com autonomia político-administrativa (1976).

Nos séculos XIX e XX, o arquipélago tornou-se um espaço de mobilização, centralização e difusão da natureza, da história e da humanização das ilhas...

O Pico, a mais bela ilha

No contexto insular, a paisagem geológica da ilha do Pico (444,80 km2) é marcada de forma singular pela presença de formações rochosas, pela predominância de terrenos pedregosos e pela pobreza dos solos existentes, sobressaindo a imponente montanha do Pico (2.351 metros), considerada o terceiro maior vulcão do Atlântico, e ainda cerca de três centenas de cabeços.

Sobre esta ilha, registou Raul Brandão (1867-1930): “O Pico é a mais bela, a mais extraordinária ilha dos Açores, duma beleza que só a ela lhe pertence, duma cor admirável e com um estranho poder de atração.

Museu da Indústria Baleeira, de Henrique Andrade (2017) Museu da Indústria Baleeira, de Henrique Andrade (2017)

É mais que uma ilha – é uma estátua erguida até ao céu e moldada pelo fogo – é outro Adamastor como o do cabo das Tormentas” (Ilhas Desconhecidas, 1926).

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Bibliografia consultada

  • Amorim, Maria Norberta. 2000. “As populações do concelho das Lajes do Pico. Uma perspetiva histórica”, in. Bruno, Jorge A. Paulus (coord.), Lajes do Pico – Inventário do Património Imóvel dos Açores. Angra do Heroísmo, Direcção Regional da Cultura, Instituto Açoriano de Cultura e Câmara Municipal das Lajes do Pico: 11-20.
  • Arquitetura popular dos Açores. 2000. Ordem dos Arquitectos.
  • Costa, Susana Goulart. 1999. “Ilha do Pico. Esboço histórico”, in. Bruno, Jorge A. Paulus (coord.), São Roque do Pico – Inventário do Património Imóvel dos Açores. Angra do Heroísmo, Direcção Regional da Cultura, Instituto Açoriano de Cultura e Câmara Municipal de São Roque do Pico: 11-15.
  • Martins, Rui de Sousa. 2000. “A casa rural nas Lajes do Pico. Processos de mudança”, in. Bruno, Jorge A. Paulus (coord.), Lajes do Pico – Inventário do Património Imó

José Carlos Garcia

Sociólogo e investigador na área da antropologia